“O rei Juan Carlos não desceu ao vexame de a receber”
• Vasco Pulido Valente, Vergonhas [ONTEM no Público]:
- ‘(…) metida num casulo, Merkel nem ficará a saber ao certo onde aterrou.
O programa do dia é, de resto, incompreensível. Começa ao meio-dia e meia com uma conversa com o Presidente da República, que não pode durar mais do que meia hora. Às 13h20, a nossa querida Ângela almoça em S. Julião da Barra com o primeiro-ministro e Paulo Portas (não se sabe se a título de MNE, se de presidente do CDS), com pouco tempo para comer e menos para falar, porque às três tem uma conferência de imprensa de 40 minutos no Centro Cultural de Belém, para responder a quatro perguntas (duas de jornalistas portugueses, duas de jornalistas alemães). Finalmente, e para fechar a festa, a sra. Merkel ornamentará com a sua presença uma reunião de empresários, durante um bocadinho. Às 17h15 volta para a terra dela, com certeza sem se lembrar do que lhe disseram e sem perceber coisa nenhuma do que viu. Mas, pelo menos, olhou uns segundos para o Tejo em S. Julião da Barra.
O que vem ela cá fazer?
- Manifestar a sua fé no euro, que em Berlim ajuda muito pouco e
contrariadamente?
- Espevitar Cavaco?
- Aplicar um beijinho no jovem Passos
Coelho, para ele não perder a coragem (esperemos que Paulo Portas não
caia na asneira de se submeter a esse horripilante exercício)?
- Manifestar a sua confiança no povo, que a polícia empurrou à matraca
para longe dela?
- Exibir a sua autoridade de credora sobre uma tribo
inerme e primitiva?
- Ou resolveu simplesmente, como chefe da Alemanha,
fiscalizar o estado das colónias?
- De qualquer maneira, este espectáculo
vexatório mostra, como mostrou antes na Grécia e na Espanha, o domínio
da dama sobre o que por irrisão ainda se continua a chamar "União
Europeia".
O rei Juan Carlos não desceu ao vexame de a receber.
- Em Portugal a vergonha não abunda.’
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